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O sol estava no meio do céu. Um sol laranja e branco. As meninas estavam semi-nuas. Seios à mostra, cabelos soltos penteados, saias tampando genitálias. A de cabelo vermelho passava a língua entre os dentes. A de cabelos negros alisava as madeixas. A de cabelo loiro enrolava os fios entre os dedos tentando encaracorá-los em vão e a de cabelos marrons olhava ansiosamente para o horizonte, buscando enxergá-los.

Era um tempo verde água, onde meninas eram escolhidas não por vestimentas ou curvas. Elas eram escolhidas pelos olhos. Todas as moças acreditavam que os fios capilares eram adornos, mas qualquer guerreiro de trono distante sabia que o olhar entregaria a alma.

Nesse tempo verde água a confiança era rara. Qualquer guerreiro podia deitar-se com concubinas ou com mulheres de curvas. Elas existiam para satisfazê-los, mas encontrar uma que olhasse e cuidasse da alma era raro.

A menina de cabelos marrons buscava na linha que se perde de vista o tal forte guerreiro. Ouviram pelo vento o som das trotadas. As meninas fecharam os olhos.

Um silêncio tomou conta do local. Ouvia-se a respiração leve delas e a curiosidade deles. Cada um escolheu a sua e a tocou no ombro. Cada uma abriu os olhos como pode. Quando a menina de cabelos marrons olhou para seu guerreiro viu um menino franzinho que passava as noites a procurar no campo sons de grilo. Ela queria um homem, não um menino. Ele olhou a íris dela, brilhante e nova. Ela olhou a íris dele, confusa e insegura. Ele a segurou na mão e encostou sua espada em seu punho. Ela estremeceu, pensou que não era digna, que não era bela, que não seria escolhida.

O guerreiro prendeu a espada e ajoelhou-se.

– A sua benção, ele disse – E aos seus desejos.

Ela não sabia o que fazer porque nenhuma das meninas passara por isso. As outras a olhavam, curiosas.

– Desejo que você conceda 3 desejos a alguém – ela rapidamente falou sem pensar.

Foi assim que nasceu o gênio da lâmpada e foi assim que ela esperou 300 anos.